Sem exagero, é possível afirmar que o mercado imobiliário do Grande ABC vive verdadeiro espetáculo de crescimento. Nunca antes da história recente desta região – para usar mais uma expressão imortalizada pelo presidente da República – o Grande ABC testemunhou tamanha expansão na indústria da construção civil, em rítimo mais acelerado. Inclusive que o verificado no restante do Estado e do país.
De acordo com a Acigabc (Associação dos Construtores, imobiliárias e Administradoras do Grande ABC), as vendas de apartamentos novos atingiram 3.108 unidades no balanço do primeiro trimestre deste ano. O volume é praticamente o mesmo alcançado durante todo o ano de 2006 e representa evolução gigantesca em relação ao primeiro trimestre de 2007 – o melhor ano para o setor em duas décadas. A construção civil regional movimentou cerca de R$ 1,5 bilhão com a venda de 5.826 apartamentos em 2007.
“Números tão impressionantes refletem ressurgimento após longo período de estiagem. O mercado imobiliário andou de lado durante 20 anos e começou a reagir a partir de 2006 por conta da redução da taxa de juros e da ampliação dos prazos de financiamento, além da entrada de empresas na bolsa de valores” – contextualiza Milton Bigucci, presidente da Acigabc. Deve-se levar em conta, ainda, o incremento da oferta de crédito. Neste ano a Caixa Econômica Federal deve disponibilizar R$500 milhões para financiamentos imobiliários no Grande ABC, cifra 67% superior aos R$299 milhões do ano passado.
Na região de 2,5 milhões de habitantes e que ostenta o terceiro potencial de consumo do País, vetores macroeconômicos tiveram impulso de variáveis tipicamente locais.
Além de contar com poder aquisitivo mais elevado a bordo de sustentáculos tradicionais como as indústrias automobilística e petroquímica, o mercado imobiliário regional se beneficia da oferta de terrenos remanescentes da compactação fabril determinada pela globalização. Áreas deixadas por indústrias químicas e principalmente metalúrgicas praticamente renasceram com a instalação de empreendimentos residenciais capitaneados por construtoras e incorporadoras sediadas dentro e fora do Grande ABC. A conversão de áreas degradadas ou ociosas em habitats de bem viver avança em ritmo acelerado, a despeito do efeito indesejável detectado por empresários e executivos do setor: a valorização dos terrenos como conseqüência do aumento da demanda. Mas nada deve impedir que 2008 desbanque 2007 como o melhor período da construção civil regional desde o final da década de 80.
Qualificação – Capital econômica do Grande ABC, São Bernardo responde por 1.665 unidades do total de 3.108 vendidas no primeiro trimestre deste ano. São Caetano ocupa o segundo lugar com 936 e Santo André vem na seqüência com 507 unidades. (O levantamento da Acigabc leva em conta exclusivamente os três municípios mais representativos).
Os compradores que protagoniza, estes números superlativos estão equitativamente distribuídos entre os que realizam o sonho da casa própria e os que já possuem imóveis, mas estão em busca de alternativas mais amplas, sofisticadas e confortáveis, de acordo com Milton Bigucci. A facilidade de pagar parcelas diminutas por prazos a perder de vista seduz integrantes dos dois grupos.
Independentemente da motivação, o fato é que a expansão sustentada do mercado imobiliário regional significa uma das melhores notícias da seara socioeconômica nos últimos tempos. Afinal, milhares de empregos e centenas de atividades produtivas gravitam na órbita da construção civil, de fabricantes de móveis e artigos para decorações até prestadores de serviços nas áreas de design, engenharia e marketing.
Sem falar na distribuição inestimável de qualificação urbana e melhoria na qualidade de vida coletiva.