Escrito por Milton Bigucci
Muitas pessoas me perguntam porque eu não fiz faculdade de Engenharia. Na época em que estudei, só tinham cursos diurnos e eu não podia fazer, pois precisava trabalhar para sobreviver. Passei entre os primeiros colocados na USP, que era gratuita, e pude escolher estudar à noite para poder trabalhar durante o dia.
Quando cursei a Faculdade de Direito do Largo São Francisco da USP, entre 1964 e 1968, os alunos eram bem politizados e comigo não era diferente.
Eu fazia parte do PRA – Partido de Representação Acadêmica, que era de Direita, atuávamos junto ao Grêmio Estudantil XI de Agosto em várias ações culturais e esportivas. Participei de vários torneios de pingue-pongue, de eventos acadêmicos, jogos de futebol etc.
Fui membro titular do Conselho Fiscal do Grêmio estudantil em 1967, junto com os amigos de sala: José João Bicudo e Carlos D’Andretta.
Uma vez fui convidado pelo professor Cesarino, Catedrático de Direito do Trabalho, a dar uma aula para a turma para falar sobre Contagem do Tempo de Serviço. Na época, estavam saindo muitas leis sobre o tema. A aula aconteceu em 25 de agosto de 1966. Fui parabenizado pela turma, apesar de eu não ter gostado da mesma (até anotei isso nos escritos da aula que fiz). O texto desta aula, alguns materiais de reuniões do Grêmio Estudantil XI de Agosto, a organização da nossa Formatura (fiz parte da comissão) e vários outros textos que escrevia estão todos guardados em um fichário intacto que usava na época 1964 a 1968 e que guardo até hoje com grande carinho.
Alguns excelentes professores que me recordo bastante: Dalmo de Abreu Dalari (Teoria Geral do Estado), Basileu Garcia (Direito Penal), Miguel Reale, Gofredo da Silva Telles. Minha turma era a 137 – Arcadas de Direito, lembro até hoje com grande carinho.
Aliás, muitos dos meus textos escritos na faculdade foram publicados na revista “O Brasão” lançada na época pelos meus amigos Agenor Garbuglio e Edmilson Narchi. Eu tinha 23 anos e assumi a coluna chamada “E Agora, José?”, inspirada no grande escritor Carlos Drummond de Andrade. Na coluna eu sempre trazia reflexões sobre problemas sociais e políticos da época.
Sempre gostei muito de escrever, desde essa época da faculdade. Não perdi o hábito até hoje. Dizem que minha letra piorou bastante, mas as reflexões continuam.
O início na Construção
Em 1962 havia me formado como professor de Contabilidade Geral no Mackenzie. Já com o curso completo de Contabilidade, estava me preparando para ingressar na faculdade de Direito.
Eu tinha 20 anos quando dois engenheiros civis, Enio Monte e Szymon Goldfarb, foram à Escola de Comércio Modelo na via Anchieta – Ipiranga, onde eu estudava, procurando um jovem para trabalhar no escritório da sua construtora (Itapuã Comércio e Construções Ltda), e que poderia ser o seu futuro contador. Eu me apresentei e fui aprovado. Fiquei feliz. Só depois descobri que fui o único a se apresentar e a fazer o teste.
Ainda não sabia, mas este seria o emprego que me levaria a empreender no setor da construção civil. Entre idas e vindas fiquei mais de 20 anos na Itapuã, saindo apenas para fundar em 1983 a MBigucci.
A verdade é que nunca sonhei alto, nunca tive ambição, sempre lutei, enfrentei desafios e os resultados foram acontecendo sem eu esperar. Quando percebi estava no meio de grandes empreendimentos e desafios fantásticos.
Como costumo dizer, abra os olhos, a mente e o coração para as oportunidades que surgirem, elas podem ser o sucesso do seu futuro.