Fonte: Reuters Brasil
Por Jeferson Ribeiro
BRASÍLIA (Reuters) – O governo ampliou em 75 por cento os recursos do Minha Casa, Minha Vida 2 ao lançar o programa nesta quinta-feira e sinalizou que o número de moradias pode chegar a 2,6 milhões até 2014.
Quando o plano foi originalmente divulgado em março do ano passado, o governo previa custo total de 71,7 bilhões de reais. Agora, a cifra subiu para 125,7 bilhões de reais.
Do novo valor total, 72,6 bilhões de reais são de subsídios do Orçamento e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e outros 53,1 bilhões de reais sob a forma de empréstimos bancários.
O governo argumenta que a quantia maior na segunda fase do Minha Casa, Minha Vida deve-se ao aumento dos financiamentos e à correção do valor das habitações, que na primeira fase tinham preço médio de 42 mil reais e agora estão em 55,2 mil reais.
Havia expectativa no mercado de que o plano saísse do papel no início de 2011, mas a aprovação de novas regras pertinentes ao programa só ocorreu no Congresso em maio.
Segundo o Ministério do Planejamento, o aumento dos recursos não terá impacto orçamentário neste ano, já que os 7,5 bilhões previstos para o programa serão suficientes para atender as contratações de moradias previstas em 2011.
Além da Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil vai operar financiamentos em todas as faixas de renda.
Na cerimônia de lançamento, a presidente Dilma Rousseff disse que a meta de 2 milhões de moradias pode subir em 600 mil unidades, desde que o andamento do programa seja satisfatório.
“Se daqui a um ano estivermos com o ritmo adequado, mostrando nossa capacidade de fazer mais, vamos ampliar os recursos e nós vamos fazer mais 600 mil (casas)”, afirmou.
Nessa segunda fase do programa, até 60 por cento das moradias (por enquanto 1,2 milhão de unidades) serão destinadas para as pessoas com renda de até 1.600 reais. Outras 600 mil unidades serão financiadas para aqueles com renda de até 3.100 reais e 200 mil para aqueles que recebem até 5 mil reais.
O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Simão, dá como certa a ampliação da meta prometida por Dilma. Ele ainda busca no governo um aumento maior do valor unitário das moradias em algumas regiões. “Estamos vendo isso. Acho que até o final do mês podemos ter uma resposta.”
GARGALOS?
O presidente da CBIC descartou que o programa sofrerá com falta de materiais de construção, mas admitiu que haverá problemas com mão de obra. “Isso é sempre uma preocupação e não é através da qualificação que vamos resolver o problema. Teremos que investir em novas tecnologias de construção para ganhar produtividade”, afirmou.
Segundo ele, há financiamentos aprovados para construção de 40 mil moradias na Caixa que passarão por adaptações e podem ser incluídas no Minha Casa, Minha Vida 2. “E tem 90 mil (unidades) em processo de aprovação também”, acrescentou.
Dilma disse que vai analisar no futuro a criação de linha de financiamento para os beneficiários do programa que permita a compra de eletrodomésticos da linha branca, mas não deu prazo para a medida.
A edição inicial do Minha Casa, Minha Vida foi apresentada no começo de 2009, em meio à crise econômica global, com intuito de reduzir o déficit habitacional do Brasil e também fortalecer a economia e gerar empregos.
Na primeira fase foram contratadas 1 milhão e 3 mil residências até 29 de dezembro do ano passado. No fim de 2010, cerca de 300 mil unidades tinham sido entregues, segundo a Caixa.
(Reportagem adicional de Leonardo Goy, Hugo Bachega e Isabel Versiani, em Brasília; e Vivian Pereira, em São Paulo)