Muito além da questão estética, de colocar plantas para ficar bonito, o paisagismo tem o objetivo de planejar a funcionalidade, o conforto, a segurança e a beleza dos ambientes. No caso dos condomínios, o projeto de paisagismo e decoração das áreas comuns nasce bem antes do empreendimento ficar pronto.
Quem explica o tema é o arquiteto e urbanista Danilo Salerno, da empresa Verdi Salerno, que faz projetos para a MBigucci desde 2007. Para o batepapo,
visitamos o condomínio Allegra MBigucci, entregue recentemente no Bairro do Limão, Zona Norte de São Paulo.
Perfil
Danilo Salerno, 33 anos, é arquiteto formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) do Mackenzie. Em 2006, junto com a sócia Paula Verdi, fundou a empresa Verdi Salerno, que tem em seu portfólio mais de 100 mil m² executados entre projetos de paisagismo, decoração de áreas comuns, apartamentos-modelos decorados e plantões de vendas. Com foco em construtoras e incorporadoras, a Verdi Salerno é parceira da MBigucci desde 2007 e já executou projetos nos empreendimentos: Essenza, Exuberance, Spettacolo, Top Life, Reserva Tropical, Allegra, UP, Status, Classic, entre outros.
– MBNews – Como o paisagismo é implementado nos condomínios?
– Danilo Salerno – Ele é pensado em conjunto com os departamentos de arquitetura e engenharia, ainda na fase da viabilidade do empreendimento, bem no início dos projetos. Como resultado, os moradores ganham um ambiente mais integrado com os espaços de lazer e harmonizado com a natureza, além de tudo isso, tem o fator estético. A maior preocupação é pensar na reconstrução do ser humano, proporcionando um contato maior com os sons da natureza, com as texturas e os aromas das plantas. É como dar um quintal para as pessoas, onde elas possam acompanhar as estações da natureza, o ciclo das flores…
– MBNews – Como é feita a escolha das espécies?
– Danilo Salerno – Em casa, a pessoa escolhe as plantas que geralmente gosta. No condomínio é diferente, temos uma preocupação técnica na escolha. As espécies têm de sobreviver tanto a sol pleno, quanto à meia sombra, precisam ser resistentes, ter crescimento rápido. É preciso também seguir o projeto arquitetônico do prédio. As topiarias (podas com formato), por exemplo, devem seguir as linhas do estilo de arquitetura (neoclássico, moderno etc). A escolha das espécies precisa ainda oferecer outros cuidados como: aromas diferenciados e variedade de cores e texturas.
– MBNews – Como o paisagismo contribui para a preservação ambiental?
– Danilo Salerno – Ao contrário do que alguns pensam, que construtoras só querem saber de entrar nos terrenos e derrubar árvores para construir, elas
plantam muitas árvores e espécies. Hoje, há um controle muito rígido da legislação sobre esta questão. Todo o projeto é pensado no sentido também de plantar espécies que possam alimentar os pássaros e servir como suplemento de água para eles, atrair borboletas. A área verde em si também ajuda a absorver o calor, fornecer sombra.
– MBNews – Quais os tipos de plantas mais utilizadas nos condomínios?
– Danilo Salerno – A gardênia, o jasmim e a lavanda são espécies que proporcionam aromas. A azaleia, a bela emília e a lantana dão uma grande variedade
de cores. Quanto aos arbustos como o ligustro, a murta, o ibisco, o podocarpus e a tumbérgia, eles são usados para acabamento como cerca viva, fechamento ou como rodapé nos muros. Evite o fícus, tanto no formato de arbusto como de árvore, pois suas raízes são muito invasivas. As trepadeiras são usadas nos pergolados (traçado de madeira decorativo) e em muros. A primavera é a mais resistente de todas, tem também a bougainville e o jasmim estrelado, que alia
tudo: flor, crescimento rápido e perfume. E por último as árvores, que se dividem em duas categorias. As palmeiras têm a função de marcar o espaço e podem ser colocadas isoladas ou em grupos, como a phoenix, o pandanus e a jerivá. E as árvores, propriamente ditas, ficam em grupos de 3 ou 5 para criar teto e fornecer sombra, são os ipês amarelo e roxo, o resedá, a pata de vaca e a quaresmeira, além é claro das espécies frutíferas. A jaboticabeira e a pitangueira são as preferidas para condomínios
– MBNews – E o conceito dos novos projetos? O que vem por aí?
– Danilo Salerno – A interatividade. Já se fala em playgrounds lúdicos, praças de sons com brinquedos e brincadeiras para maior integração entre pais e
filhos. Outra novidade são os espaços para interagir com as plantas, como orquidários, herbarium, onde as pessoas podem cultivar suas flores e ervas, cada um tem seu espaço. Isto já ocorre muito na Europa, é o “pocket garden”.