Num ano que não está sendo bom para a produção nacional – apenas “E Aí, Comeu?”, com Bruno Mazzeo, ultrapassou 2 milhões de espectadores -, os distribuidores e exibidores acreditam tanto no sucesso de “Até Que a Sorte nos Separe” que, antes mesmo da estreia nesta sexta-feira (em 300 salas), o diretor Roberto Santucci e o roteirista Paulo Cursino já trabalham no que será “Até Que a Sorte nos Separe 2”. Como?
No 1, baseado no best-seller “Casais Inteligentes Enriquecem Juntos”, de Gustavo Cerbasi, casal ganha na loteria – R$ 100 milhões. Parece dinheiro que não acaba mais, mas no intervalo de uma cena os protagonistas viram Leandro Hassum e Danielle Winits, os dois tão consumistas e alienados que, mesmo se fosse o dobro, a fortuna iria para o ralo do mesmo jeito. Pobres, de novo – mas Hassum não consegue contar à mulher e Danielle, grávida do terceiro filho, segue gastando. Como ela tem um parente rico – interpretado por Maurício Sherman, diretor de longa tradição na linha de shows e de humor (“Zorra Total”) na TV -, Hassum, lá pelas tantas, se humilha rastejando aos pés do ‘tio’. A cena, uma partida de tênis, com seu antes e depois, é a melhor do filme.
Sabe o esquema de “Se Beber Não Case”? Os caras bebem de novo e a confusão continua no 2. Pois é o que vai ocorrer aqui – Hassum e Danielle vão ganhar o dinheiro do tio, viajam para os EUA, para Las Vegas e… OK, mas para que haja o 2 o 1 tem de corresponder e fazer sucesso, e isso é o que tem de ocorrer rapidamente, já a partir do primeiro final de semana. O mercado tem urgência e, se o filme não disparar na bilheteria, será difícil segurá-lo nas salas.
Santucci sabe disso. Diretor de “Bellini e a Esfinge” – que não foi bem de público, apesar da trama policial (adaptada do livro de Toni Bellotto) e das presenças de Fábio Assunção e Malu Mader -, ele virou o Sr. Bilheteria graças ao estouro de “De Pernas Pro Ar”, com Ingrid Guimarães, que também terá uma sequência, com estreia em janeiro. Como não se mexe em time que está ganhando, Santucci repete o processo. Convidado pelos irmãos Gullane – Caio e Fabiano, tradicionalmente ligados ao cinema autoral, mas que também tentam uma linha mais comercial -, ele se aliou a Cursino, que já escreve pensando no ator. E assim como “De Pernas” foi escrito para Ingrid Guimarães, “Até Que a Sorte” foi formatado para Leandro Hassum.
“O Cursino é impressionante. Tem a embocadura e escreve a fala que vai cair perfeita na boca da Ingrid ou do Leandro”, avalia o diretor. Cursino já escreve “Os Caras de Pau” para Leandro, na Globo. O comediante dá o grande salto em sua carreira. “Fiz participações pequenas em filmes, mas ser protagonista é diferente. Foi cansativo, mas prazeroso. E o Santucci me deixou improvisar. Reconheço que é um risco para todo o mundo, porque sou um ator que trabalha num registro alto, num tom exacerbado.” O repórter assistiu ao filme sozinho, na cabine da empresa produtora Paris. “Assim não vale”, brinca o diretor. “Comédia tem de ver com o público, para rir junto.” Não é filme de crítico – será de público? Pontualmente, é possível rir e, além de Maurício Sherman, Ailton Graça está ótimo como o amigo que se finge de gay – e cola no papel.
Fonte: Portal do Grande ABC