O ano de 2011 foi positivo para a construção civil. Lançamentos e vendas foram bem. No último trimestre, as empresas e o mercado puseram o pé no freio, por causa das influências pessimistas da crise europeia. Graças a bases sólidas institucionais e boas normas reguladoras o mercado tem sido otimista. O instituto da Alienação Fiduciária, no lugar das burocráticas hipotecas, reduziu a inadimplência em 2011 para apenas 1,4%. Com as hipotecas eram 10%. O crédito imobiliário representa 5,4% dos créditos dos bancos, ultrapassando o financiamento de veículos, mas ainda é pequeno (4,6% do PIB) se comparado a outros países como o México, por exemplo (12,5% do PIB).
Há recursos para financiamento como nunca houve. Em 2011 os financiamentos chegaram a R$ 80 bilhões e o FGTS a R$ 30 bi. No Grande ABC só a Caixa Econômica Federal financiou mais de R$ 1 bilhão até setembro. Números excelentes com recordes absolutos.
A restrição de verticalização em algumas cidades só terá efeito daqui a dois anos. Esses limites de altura não podem baixar o crescimento das cidades. O adensamento nos grandes centros é tendência, evitando o deslocamento das pessoas da periferia para o centro e vice-versa. A habitação popular deve ser incentivada com subsídios. A construção civil gera emprego, renda e habitação. Cumpre o seu papel. O que falta é aplicar verbas públicas em transporte coletivo. Não podemos combater as fábricas de autos porque prejudicam o trânsito. Nem a construção civil por produzir habitação. Pelo contrário, devemos incentivá-las e planejar melhor.
Para 2012 os preços dos imóveis novos deverão ficar estáveis. O preço de terreno não baixa, a mão de obra também não (nunca o empregado da construção civil ganhou e produziu tanto). No material pode haver alguma queda. A burocracia continua encarecendo o imóvel. Os tributos afetam, e muito, o custo da obra. Precisam ser revistos. O mercado residencial está caminhando cada vez mais para a média e baixa renda. O mercado de escritórios tem muito potencial de crescimento nas regiões metropolitanas. Lastreado em bases sólidas, o mercado imobiliário, após período de acomodação, voltará a crescer. Ajuste necessário e salutar para o bom desenvolvimento. Um excelente 2012 a todos.
* Milton Bigucci é presidente da Construtora MBigucci, presidente da Acigabc, diretor do Secovi para o Grande ABC e integrante do Conselho Consultivo Nato do Secovi-SP e da Academia de Letras da Grande São Paulo.