Irreverente com a bola e com o humor, o ex-jogador da seleção brasileira, Denilson de Oliveira Araújo, atual comentarista esportivo na TV Bandeirantes, fala com exclusividade à MBigucci News sobre as alegrias e os desafios que viveu nos campos.MBNews: Você é do ABC, começou sua carreira por aqui?
Denilson: Iniciei aos 7 anos, jogando nos campos de Diadema, onde nasci. Joguei também na Vila Pauliceia, em São Bernardo, e com 9 para 10 anos fui para a Seleção de São Bernardo, que pegava os melhores moleques do ABC para treinar. Nessa época, participei de um torneio em Caraguatatuba, onde a Seleção de São Bernardo foi convidada para jogar com São Paulo, Corinthians, Santos e Palmeiras. Eu joguei muito bem contra o São Paulo e o treinador me chamou para jogar no clube e dessa forma cheguei no São Paulo F.C
MBNews: E a Seleção Brasileira, como foi sua convocação?
Denilson: Depois que fui para o São Paulo, as coisas aconteceram muito rápido. Dos 11 aos 16 anos joguei como amador. Depois me profissionalizei e aos 17 anos fui convocado para a Seleção Brasieira. Minha primeira partida foi contra a seleção de Camarões, em Curitiba. Até 1998 fiquei no SPFC e Seleção Brasileira, uma época só de coisas boas, só títulos e vitórias.
MBNews: Você sempre foi um grande driblador, qual seu lance inesquecível?
Denilson: O lance que sempre gostei de fazer é a bicicleta, que confunde a cabeça dos defensores. Têm duas inesquecíveis: uma em 1998, São Paulo x Corinthians, no final do Campeonato Paulista, em cima do Vampeta, quando ganhamos o título. E a outra foi na Copa do Mundo de 1998, em cima do jogador Reiziger, da Holanda.
MBNews: Em 1998 você foi vendido para o Real Betis, da Espanha, como o jogador mais caro do mundo. Além do dinheiro o que ficou de importante dessa transação?
Denilson: Sempre falo paraos meus pais que eu virei homem a partir deste momento. Passei minha carreira inteira me divertindo em campo, mas depois dessa transação veio o peso da responsabilidade, que eu levei durante 12 anos, até esse ano, superada com a venda do Lucas (SPFC) para o Paris Saint Germain. Financeiramente alcancei minha independência , consegui realizar o sonho dos meus pais, o meu sonho. Mas profissionalmente me trouxe a responsabilidade de ser o jogador mais caro do mundo e também as dificuldades. Eu tinha de fazer tudo dentro do campo. Se o time perdia a culpa era minha, se ganhava era minha. Com 18 para 19 anos tive de amadurecer da noite para o dia.
MBNews: Você parou de jogar em 2008, aos 31 anos, por quê?
Denilson: Tudo o que o jogador não quer é parar por conta de lesão. E eu tive uma lesão séria no joelho. Na Copa do Mundo de 2002 eu já fui machucado, com problemas no menisco, mas não podia operar. Felizmente, as coisas aconteceram da melhor forma possível, bati todos os recordes, conseguimos o título mundial. Na época eu jogava na Europa e, em 2003, voltei para o Brasil para operar o joelho. Em 2008, fui jogar na Itumbiara, em Goiânia e foi no Campeonaro Goiano, contra o Corinthians, bem no jogo de estreia do Ronaldo Fenômeno, que me machuquei novamente e tive de fazer uma quarta cirurgia. Foi ali que eu percebi que tinha acabado minha carreira. Foi jogo duro, pois tudo o que eu não queria era passar por outra cirurgia e foi o que ocorreu. É lógico que sofri, chorei sozinho no meu quarto, escondido da minha noiva (hoje minha esposa, Luciele) e dos meus pais, principalmente.
MBNews: E como você superou esse momento?
Denilson: Eu sempre fui muito religioso. Sempre achei que as coisas acontecem da forma que Deus quer e no tempoque Deus quer para o nosso tempo, isso me tranquilizou um pouco, mas só eu tinha noção da dor que eu sentia. E então tomei a decisão de procurar outra coisa para fazer. E aí surgiu o convite da Band para comentar a copa do mundo e acabei ficando, renovando o contrato. O público me aceitou bem e as coisas estão dando certo, é isso que quero fazer durante alguns anos.
MBNews: Você também é conhecido pelo bom-humor que tem. Das muitas histórias engraçadas, qual dá pra contar?
Denilson: Eu e o Amaral estávamos na Bahia, em Salvador, e depois de um jogo do Brasil, o Amaral estava louco pra ir a uma balada e disse que tinha visto uma cada de forró: “Forró do Gerson”. Pegamos um táxi e ficamos rodando a cidade inteira e nada de encontrar o lugar e quando encontramos estava escrito “Forro” e “Gesso”, dentro do carro ficamos nos matando de rir.
MBNews: Você participa de várias ações corporativas de incentivo ao esporte. A construtora MBigucci também incentiva seus colaboradores, por meio da Atlética MBigucci, subsidiando jogos, campeonatos, corridas, caminhadas. Como você vê essa iniciativa?
Denilson: Acho maravilhoso. Durante o ano, participo de muitos eventos assim. Essa atitude do Milton Bigucci, inclusive de escrever livros com renda para entidades carentes, é muito boa. Primeiro, o esporte é saúde e, segundo, você dá a oportunidade de um funcionário viver o que gostaria ser, por exemplo, um jogador de futebol, quando realiza esses tipos de campeonatos.