Localizada no Bairro Assunção, em São Bernardo do Campo, o Lar já recebeu 850 crianças em situação de risco pessoal ou social
“Companheirismo, solidariedade e seriedade”, assim Manoel Roberto Barcelos, o “Manoelzinho”, uma das primeiras crianças a habitar o Lar Escola Pequeno Leão, define o que mais lhe marcou durante os dez anos (1982-1992) que morou na instituição. Hoje, aos 38 anos, casado e pai de Luiz Otávio, de 7 meses, ele se diz realizado e feliz. Manoel também foi o primeiro jovem que ao completar a maioridade, passou a fazer parte, voluntariamente, da diretoria do Lar Escola Pequeno Leão. “Eu era o elo da diretoria com as crianças. Nossa família, nosso mundo era o Lar. Eu procurava passar o que aprendi às demais crianças”, conta.
A história de sucesso de Manoel também se repete com centenas de outras crianças que passaram pelo Lar Escola Pequeno Leão desde a sua fundação em 8 de outubro de 1981. De 850 crianças atendidas no período, 723 retornaram ao convívio familiar, 60 foram adotadas e 19 saíram quando completaram a maioridade. A missão do Lar é atender em regime de acolhimento, crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e ou social, que por algum motivo tenham sido privados do direito de viver com a família natural e foram encaminhados pela Vara da Infância e Juventude de São Bernardo do Campo e Conselhos Tutelares. Atualmente o Lar atende 47 crianças na faixa-etária de 2 a 17 anos, podendo permanecer na entidade até completar 18 anos.
“Nosso maior objetivo é a preservação dos vínculos familiares, a integração em família substituta (adoção) quando esgotados os recursos de manutenção da família de origem e a preparação gradativa para o desligamento com a maioridade”, explica a atual presidente do Lar, Silvia Casini Quelhas.
No Lar Escola Pequeno Leão, as crianças moram em casas com um atendimento personalizado. Estão divididas em grupos reduzidos (em até 10 crianças), preservando os laços de família e a proximidade entre os irmãos. Cada grupo possui uma mãe social que é funcionária, mora no Lar, e desempenha as funções de mãe e educadora. A rotina é a mesma de qualquer casa: higiene pessoal, alimentação, escola, médico, brincadeiras, passeios, além de receberem atendimento psicológico, odontológico e apoio pedagógico com profissionais especializados. “O sistema de casas-lares preserva a identidade, os pertences pessoais da criança/adolescente, o que faz elas se sentirem em família, e isso trouxe um importante resgate da auto-estima”, comenta, a presidente do Lar.
As crianças participam ainda de cursos e atividades fora da instituição, oferecidos pela Prefeitura de São Bernardo e pela comunidade local como aulas de inglês, prática esportiva, dança, artes entre outros, cumprindo as exigências do ECA (Estatuto da Criança e Adolescente). O objetivo é desinstitucionalizar essas crianças/adolescentes, preparando-as para a vida em sociedade, com as mesmas oportunidades que são direito de qualquer criança e adolescente.
Também é realizado um trabalho psicossocial com as famílias, que podem visitar as crianças e tentar resgatar os vínculos, desde que tenham autorização judicial.
História – A assembléia de fundação do Lar Escola Pequeno Leão ocorreu em 8 de outubro de 1981, mas a história dessa importante entidade de São Bernardo do Campo teve início bem antes, em 1972. A ideia surgiu quando o empresário Milton Bigucci era presidente do Lions Clube Rudge Ramos e conseguiu conscientizar os seus companheiros para fazer uma obra social para menores carentes no ABC. “De tanto insistir com o prefeito Aldino Pinotti (à época) consegui no dia 5 de dezembro de 1972, através da Lei Municipal nº 2.013, a doação do terreno de 12.319,68m², onde funciona o Lar até hoje. Na época, o Dr. Newton Barbosa, que era o secretário de obras, me levou ao local e perguntou se o terreno servia. Nesses cinco segundos para responder, fiquei com medo, emoção e muita alegria. Foi um teste de Deus. Serve, respondi. E assim começou o desafio”, relembra Milton Bigucci.
A escritura do terreno foi assinada em 29 de maio de 1973, já pelo prefeito Geraldo Faria Rodrigues. Em 16 de junho de 1973 foi lançada a pedra fundamental da obra e daí para frente, vários anos para construir os pavilhões. Em 8 de outubro de 1981 foi fundado o Lar Escola Pequeno Leão, no mandato de Roberto Cecília na presidência do Lions Clube Rudge Ramos e, exatamente dois anos depois, em 8 de outubro de 1983, estava em funcionamento o Lar Escola Pequeno Leão. A primeira criança Emerson Ferreira de Lima, com 7 anos, chegou em 22 de outubro de 1983, já no segundo mandato de Milton Bigucci como presidente do Lions Clube de Rudge Ramos. Desde então, centenas de outras crianças vieram.
Hoje o Lar Escola Pequeno Leão é uma entidade autônoma, possui uma diretoria executiva voluntária e é mantida por meio de associados e verbas subsidiadas pelos governos estadual e federal, repassadas pelo município, por meio de convênio firmado com a Prefeitura. “Entretanto, esse convênio não supre todas as nossas necessidades, visto que nossa estrutura, funcionários e qualidade de atendimento são bastante onerosas, portanto temos que buscar a complementação de verbas”, ressalta a presidente da entidade. O Lar também recebe doações mensais de sócios-contribuintes; aluguel de salão de festas e vagas para garagem em frente à instituição para moradores vizinhos, organiza festas temáticas, além de receber algumas doações de entidades, empresas e voluntários.
Contatos: www.pequenoleao.org.br tel.: (011) 4109-2922