Empresário do ABC também é um apaixonado pela família e por futebol
Apesar dos 75 anos de idade, Milton Bigucci não abre mão de uma rotina intensa de trabalho e mantém a mesma paixão pela construção desde quando iniciou sua trajetória na área, há 55 anos, em 19 de maio de 1961.
A dedicação que Bigucci tem com o mercado imobiliário só é dividida quando o assunto é família ou futebol, mas para unir essas paixões ele fundou em outubro de 1983, sua própria empresa familiar: a construtora MBigucci, com sede em São Bernardo do Campo, onde divide a gestão empresarial com seus quatro filhos: Roberta, Milton Jr., Marcos e Marcelo e os sobrinhos gêmeos, Robson e Rubens Toneto.
Não é à toa que a marca da MBigucci tem as cores vermelho, preto e branco, escolhidas cuidadosamente por Milton Bigucci em homenagem ao seu time do coração, o São Paulo Futebol Clube.
De família humilde e origem italiana, o empresário sempre se dedicou também às causas e reflexões sociais, temas frequentes nas centenas de artigos publicados na imprensa e nos seus cinco livros editados. Já o seu sexto livro, “7 Décadas de Futebol, lançado em 2014 no Museu do Futebol em plena Copa do Mundo, o tema central é o seu esporte predileto. A publicação traz depoimentos de jogadores famosos, como Raí, Denilson, Neto, Clodoaldo, entre outros. Além de contar a trajetória de Bigucci como jogador amador, é um incentivo aos jovens e idosos para a prática esportiva. Em todos os seus livros, a renda líquida obtida com a venda dos exemplares foram revertidas para entidades beneficentes de menores carentes.
Dia 24 de outubro de 2017, a MBigucci completará 34 anos de atividades. Consolidada como uma das maiores construtoras do ABC e do Brasil, a empresa tem em seu portfólio mais de 400 torres, 9.600 unidades e 1 milhão de m² de área construída.
Como foi o início desta trajetória de sucesso?
Milton Bigucci – Comecei a trabalhar em 1961 na contabilidade da construtora Itapuã, que ficava no Ipiranga. Empolgado com a área, em 1964 eu fiz por conta própria minha primeira obra, uma casa no bairro São João Clímaco, que serviu de residência para minha irmã, Célia, meu cunhado e meus sobrinhos, Robson e Rubens e sua família. Depois, ainda por conta própria, construí mais algumas casas, sobrados, até fundar a MBigucci, em 1983, e chegar à história de sucesso e credibilidade que temos hoje.
No início da carreira, o senhor também ocupou um cargo importante na Mercedes Benz o que o fez trocar pelo setor da construção?
Milton Bigucci – É verdade, quando jovem tive uma grande oportunidade na Mercedes Benz, onde entrei como auditor júnior e cheguei a assistente do diretor financeiro em apenas 5 anos, mas a construção já estava no sangue e no coração. Nos dias úteis eu trabalhava na Mercedes e de sábado e domingo continuava prestando serviço de contador para a construtora Itapuã. Até que em 1968, fui convidado a assumir como diretor administrativo e financeiro da Itapuã. Pedi então demissão da Mercedes e aceitei o convite da Itapuã. Era a oportunidade de me realizar profissionalmente na área que havia escolhido. Os amigos da Mercedes diziam que eu estava ficando louco, trocar o cargo que tinha, mas meu tino já estava na construção. Trabalhei na Itapuã por 20 anos, era uma época muito favorável para a construção, pois o Banco Nacional da Habitação (BNH), criado nos anos de 1960 disponibilizou muito recurso para aplicar em habitação no Brasil. Da Itapuã eu só sai para fundar a minha própria empresa, a MBigucci. Saí em 28 de fevereiro de 1985.
Quais obras marcaram estes 56 anos do senhor na construção e 34 anos da MBigucci?
Desde o início, o dinheiro que ganhava na Itapuã eu aplicava em terrenos, que fui estocando. Já na MBigucci, o marco foi a construção do Ed. Gláucia, em 1986, na Vila Livieiro – SP. Era um prédio pequeno sem elevador com 16 apartamentos. Foi uma época muito difícil economicamente, pois era o período do congelamento de preços no Governo Sarney. Como o plano econômico fracassou e teve grande aumento nos preços, a obra me causou grande prejuízo, mas mesmo assim honrei o contrato e entreguei o Ed. Gláucia dentro do prazo. Foi uma primeira experiência negativa na carreira, mas que serviu de muito estímulo para o meu crescimento e o da MBigucci.
Outras obras marcantes da MBigucci: o Residencial Arco Íris, em São Bernardo do Campo, com 291 apartamentos para classe econômica, entregue em 1998; o Kings Garden, em São Bernardo, foi o primeiro alto-padrão que entregamos em 1992; o Independece Park, no Ipiranga, e o Top Life, em São Bernardo, que foram os primeiros condomínios clubes; o MBigucci Business Park, nosso primeiro Centro Logístico entregue em 2012 em Diadema, e mais recentemente, o Marco Zero MBigucci, nossa maior obra já construída em São Bernardo do Campo, um complexo misto com 4 torres, entre apartamentos, lofts, lofts duplex, salas comerciais e boulevard.
Quais as principais dificuldades do início?
Milton Bigucci – O começo foi de muita luta e trabalho, mas com certeza me serviu de experiência para conquistar a solidez e credibilidade que temos hoje. Sou de uma família bastante humilde. Meu pai, Roberto Bigucci, era carpinteiro, fazia caixotes. Eu comecei a trabalhar muito cedo, com 9 anos de idade. Antes de empresário e construtor, fui arquivista, balconista, auxiliar de almoxarife, contador, auditor, gerente administrativo até chegar ao que conquistei ao longo dessas décadas.
Quem conhece o senhor sabe que o seu sucesso vem de muito trabalho.
Milton Bigucci – Muito, muito trabalho e dedicação. Levanto cedo, vou dormir tarde. Chego às 8h e saio às 18h da empresa, junto com os demais colaboradores. Vivo a construção 24 horas por dia, inclusive sábados, domingos e feriado. Estou sempre criando, pensando no que podemos melhorar, sermos mais competitivos, diferentes no mercado. Tudo com muito otimismo, transparência e comunicação. Não fico parado no tempo, ao contrário, cobro muito o desenvolvimento de novas tecnologias, atualização na área. Sou também muito persistente, aliás, a persistência é uma das coisas mais importantes de um empreendedor, nunca podemos desanimar com os obstáculos, pois eles aparecem a todo o momento!
E o sucesso da MBigucci? A empresa completará 34 anos em 2017, e foi eleita pela Revista IstoÉ Dinheiro a “Melhor Construtora de Capital Fechado do Brasil”, em 2015 e 2014, além de diversos prêmios sociais e ambientais. A que o senhor atribui este crescimento?
Milton Bigucci – São três os pilares deste sucesso: Primeiro, acreditamos em nossos colaboradores, a quem costumamos chamar de “Família Bigucci”. Sempre incentivamos a descentralização das decisões, a participação dos colaboradores, a valorização do capital humano e o crescimento profissional deles. Segundo, estamos sempre buscando a total satisfação de nossos clientes, inovando com diferenciais tecnológicos, programas de relacionamento, oferecendo o produto que precisam a justo preço e com qualidade. E terceiro, temos uma preocupação constante com a Responsabilidade Social e Ambiental. A empresa foi uma das primeiras no ABC e é uma das poucas no Brasil a ter gestão ambiental dentro das obras, além da ISO 9001 de qualidade, as ações rigorosas de saúde e segurança no trabalho. Temos dois grandes programas focados neste sentido que são: o Big Vida – de responsabilidade ambiental e o Big Riso, de responsabilidade social, que existem há mais de 10 anos. Mais recentemente, criamos também o Big Vizinhança, de relacionamento com os vizinhos das obras, que leva benefícios sociais e ambientais ao entorno das construções, e o Big Conhecimento, pelo qual estudantes de variados cursos no Brasil fazem visitas técnicas às nossas obras e escritórios, vivenciando na prática as experiências dos nossos colaboradores.
O que mais lhe atrai nesta área
Milton Bigucci – Ver a felicidade nos olhos dos clientes quando fazemos a entrega do imóvel. Se para a empresa é mais uma tarefa cumprida, mais um empreendimento, para eles isto é a realização de um grande sonho, pois muitos têm a oportunidade de comprar um único imóvel na vida toda. E nós participamos deste momento tão feliz em mais de 400 prédios. Fico muito feliz também em dar centenas de empregos.
O senhor tem uma atuação muito forte nas ações de Responsabilidade Social. Quais os principais projetos?
Milton Bigucci – Fui presidente do Lions clube de Rudge Ramos, São Bernardo do Campo, por duas vezes e presidente-fundador do Lar Escola Pequeno Leão, também de São Bernardo, que hoje atende cerca de 60 crianças e adolescentes em risco pessoal ou social. Também fui o fundador e primeiro presidente do Círculo de Amigos ao Menor Patrulheiro do Ipiranga (CAMPI) que hoje é o Centro de Apoio ao Aprendizado Profissional (CAAPI), presidente da Federação Brasileira de Patrulheirismo e membro da Fundação do Bem-Estar do Menor de São Bernardo. Além de todos estes projetos, que de alguma forma continuamos apoiando, tem o Big Riso, uma iniciativa da Roberta Bigucci, minha filha e diretora da construtora, o qual apoio com muito carinho. O Big Riso reúne um grupo de colaboradores voluntários que são liberados pela MBigucci no horário do expediente, de forma escalonada, para atuar como palhacinhos, visitando crianças com câncer em hospitais públicos. Se cada um de nós ajudar um pouco, melhoraremos a qualidade de vida dos brasileiros!
O senhor também é associado de várias entidades representativas do setor com cargos de grande responsabilidade, como administra seu tempo?
Eu penso que quanto mais puder participar de entidades, melhor. Tempo a gente sempre arruma, o importante é que continuo aprendendo muito com essas atividades. Participo ativamente da Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC (ACIGABC) há quase 25 anos, grande parte como presidente da entidade, e atualmente estou como presidente do Conselho Deliberativo. Também atuo no Secovi-SP do qual fui vice-presidente das regionais do Interior de São Paulo e, hoje, membro do Conselho Consultivo Nato. Na Associação Comercial de São Paulo, sou conselheiro vitalício e no Ciesp, faço parte do Conselho Industrial. O importante é estar sempre contribuindo para o crescimento do setor.
Como o senhor avalia o setor nestes 56 anos de atuação?
Milton Bigucci – Na época em que comecei não tinha financiamento fácil, os bancos tinham ojeriza de financiar habitação, principalmente a popular, pois não queriam ficar presos 15 anos com um cliente que poderia ficar desempregado e se tornar inadimplente no sistema. Hoje as facilidades são imensas, juros bem menores, prazos cada vez maiores. Há muita oferta de crédito no mercado.
Outra diferença: ISO 9000 (qualidade), gestão ambiental, OHSAS 18000 (saúde e segurança no trabalho) e PBQP-H (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat) ninguém sabia o que era. Responsabilidade social ou ambiental? Muito menos. A mão de obra também era pouco especializada, tudo muito rudimentar.
E o futuro?
Milton Bigucci – Continuar trabalhando e muito, se eu me afastar de tudo isso eu morro. Mas a vida não é só trabalho, eu também gosto de sair, ir ao cinema, teatro, viajar com minha esposa, Sueli e jogar meu futebol é claro! Eu vivo do jeito que eu gosto, e vou continuar no mesmo ritmo…se Deus quiser