O Grande ABC, uma região com mais de 2,6 milhões de habitantes, totalmente industrializada, infelizmente até hoje ainda não dispõe de uma rede de metrô/monotrilho. Nestes dias, já em boa hora, o Governo do Estado de São Paulo, em parceria com os governos municipais e federal, assinou a abertura de licitação para a execução da primeira linha desse transporte coletivo para o nosso Grande ABC. Já não era sem tempo.
Segundo o governador Geraldo Alckmin, cada trem da Linha 18 (Bronze) que servirá o Grande ABC deve tirar 560 automóveis das ruas. Serão 13 estações com 26 trens, transportando 314 mil passageiros por dia.
A implantação desse projeto virá beneficiar e muito nossa região. O desenvolvimento das regiões próximas às futuras estações já se faz notar. De uns dois anos para cá, com o mercado imobiliário em alta e com a notícia do monotrilho, os imóveis começaram a valorizar mais, atraindo empresas e empregos. Agora, mais ainda, e quando da entrega da obra, muito mais.
O transporte de massa é uma tendência mundial, melhorando a mobilidade urbana. As prefeituras devem adequar suas leis de uso do solo, permitindo um adensamento maior nessas regiões e reduzindo o número de vagas de garagens. Uma vaga de garagem a mais, encarece muito o valor do apartamento. Às vezes é necessário até construir um subsolo a mais para atender à lei atual. Se não houver necessidade de tanta garagem, o valor do imóvel pode cair. Na capital de São Paulo, o projeto em análise na Câmara Municipal prevê que em uma distância de até 400 metros das estações de metrô, poder-se-á construir bem mais. Eu diria que essa faixa de incentivo em nossa Região do ABC poderia alcançar até 700 metros.
Nas maiores metrópoles desenvolvidas do mundo, como Nova York , por exemplo, o número de garagens nos prédios é bem pequeno para que a população use os transportes públicos e deixe os carros em casa. É óbvio que cada vez mais é preciso investir em transporte público para melhorar sua qualidade.
A nossa cultura individualista precisa mudar. O carro deve ser um meio de solução dos nossos problemas e não um martírio. Quando ficamos horas parados no trânsito, xingando, nada produzindo e perdendo precioso tempo de vida, não atentamos para o fato de que não basta apenas limitar o uso dos carros através de rodízios, é preciso aculturar a população com leis inteligentes e educação coletiva.
Infelizmente, São Paulo tem apenas 75,5 km de metrô e 57 km em obras. É muito pouco ainda, se agregarmos as regiões metropolitanas, como o Grande ABC, Guarulhos, Osasco etc. É preciso investir muito mais nesse produto.
Agora, acredito, estamos no caminho certo.
MILTON BIGUCCI é Presidente da construtora MBigucci e da Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC, membro do Conselho Consultivo Nato do Secovi-SP e seu diretor para a Região do ABC, membro do Conselho Industrial do CIESP, conselheiro vitalício da Associação Comercial de São Paulo, conselheiro nato do Clube Atlético Ypiranga (CAY). Autor dos livros “Caminhos para o Desenvolvimento”, “Somos Todos Responsáveis – Crônicas de um Brasil Carente”, “Construindo uma Sociedade mais Justa”, “Em Busca da Justiça Social” e “50 anos na Construção”, e membro da Academia de Letras da Grande São Paulo, cadeira nº 5, cujo patrono é Lima Barreto.