De origem humilde, filho de carpinteiro, Milton Bigucci começou a trabalhar com 11 anos de idade. Foi arquivista, balconista, auxiliar de almoxarife, contador, auditor, gerente administrativo, até chegar a diretor de uma Construtora.
Após muitos anos de dedicação e trabalho, o empresário fundou a MBigucci transformando sonhos em realidade.
Na entrevista a seguir, Milton conta um pouco como tudo começou, fala sobre o mercado da construção civil e sobre os próximos projetos da empresa.
Um exemplo de vida
Antes de fundar a MBigucci, o senhor trabalhou em algumas empresas e executou várias funções. Como foi esse começo?
O começo é sempre de muita luta e trabalho, mas sem dúvida me trouxe experiência para montar a minha empresa. Trabalhei em algumas empresas, com destaque para a Construtora Itapuã, no bairro do Ipiranga, onde permaneci por quase 25 anos, começando como auxiliar de contabilidade e chegando ao cargo de diretor administrativo e financeiro. Antes fui balconista na Casa Freire, loja de ferragens e arquivista na Linhas Corrente, ambas no bairro do Ipiranga, auxiliar de almoxarife na Molas Fabrini e depois auditor na Mercedes Benz, ambas em São Bernardo do Campo. Voltei para a Construtora Itapuã em 1968 e desliguei-me em 28 de Fevereiro de 1985 para começar a Construtora MBigucci, fundada em 24 de outubro de 1983.
E como foi o início da sua vida empresarial?
Em 1961, construí a minha primeira obra, uma casa que foi residência da minha irmã Célia e família.
O marco inicial da MBigucci foi a construção do Edifício Gláucia, na Vila Liviero, em São Paulo, em 1986. Era um prédio pequeno, sem elevador, com doze apartamentos, erguido durante a época em que houve congelamento de preços, no governo do presidente José Sarney, vendido para quatro amigos, sendo três da Mercedes Benz. Com o fracasso do plano econômico, os materiais só eram vendidos com ágio de preços. A obra causou um grande prejuízo para a empresa. Mas, honrando os contratos, o prédio foi entregue dentro do prazo e do preço pela construtora, que cumpriu todos os itens prometidos aos compradores. Foi a primeira experiência, e apesar de não ter sido lucrativa (deu prejuízo), serviu de estímulo para nos desenvolvermos, além de ser um grande aprendizado.
A que o senhor atribui o sucesso da empresa?
A alguns pontos simples. Apostamos sempre em nossos colaboradores, a quem costumamos chamar de “família Bigucci” e a quem incentivamos com uma filosofia de trabalho original, baseada na descentralização de decisões e no crescimento profissional das equipes. Apostamos também na preferência e fidelidade de nossos clientes, para os quais desenvolvemos uma série de programas de relacionamento e que procuramos satisfazer com produtos de qualidade que atendam às suas expectativas. Acreditamos no trabalho de cunho social, uma atitude que a empresa procura ser exemplo há décadas. Procuramos fazer de todos os parceiros, colaboradores, clientes e o poder público, membros de um só grupo. Esta tem sido a tônica da empresa. A soma deste trabalho representa uma empresa de sucesso.
As mudanças tecnológicas destes anos causaram impacto, inclusive financeiro, devido à substituição de homens por máquinas. Na construção civil, a seu ver, o avanço tecnológico é bom ou ruim? Por quê?
Ao contrário da mão-de-obra humana do setor industrial, que foi substituída pela mão-de-obra automatizada, na construção civil não houve tantos avanços assim. Os avanços são relacionados aos sistemas de construção e não à construção propriamente dita. Esta, ainda depende em torno de 80% de mão-de-obra humana.
A MBigucci, em seus 28 anos, sobreviveu a grandes crises econômicas e aos entraves que os governos colocaram a inúmeros setores de atividade do país. A que o senhor atribui essa vitória?
Ao nosso endividamento zero e, principalmente, ao fato de oferecermos produtos de elevada qualidade para todas as classes sociais. O nicho de mercado que buscamos é aquele onde há maior carência ou déficit habitacional, e com isso sempre temos demanda.
Ao longo dos anos os consumidores também mudaram. Ficaram ainda mais exigentes. Como a MBigucci acompanha essas mudanças, cumprindo sua responsabilidade social e empresarial?
Seguindo as normas estabelecidas pela certificação ISO 9001/2000, que a empresa possui há anos. Recentemente também conseguimos a ISO 14000:04, de Responsabilidade Ambiental. Investir na qualidade e obedecer às exigências do mercado são as coisas mais importantes para se manter dentro da concorrência. As questões sociais sempre foram tratadas por mim com muita dedicação, desde os tempos de juventude. Conquistamos também a OSHAS 18.001:07 que trata da segurança e saúde do colaborador.
O senhor tem uma presença muito forte em projetos de Responsabilidade Social. Quais os principais projetos nos quais está envolvido?
Fui presidente do Lions Clube de Rudge Ramos, São Bernardo do Campo por duas vezes e presidente fundador do Lar Escola Pequeno Leão, fundador e primeiro
presidente do Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro do Ipiranga (CAMPI), presidente da Federação Brasileira de Patrulheirismo e membro da Fundação do Bem-Estar do Menor de São Bernardo do Campo. Além de todos estes projetos que continuamos apoiando, hoje a MBigucci tem o projeto Big Riso, que reúne um grupo de colaboradores que são liberados pela empresa durante o horário de expediente e atuam como “palhaços voluntários” no Hospital do Câncer Infantil da Fundação de Santo André, do Hospital Mário Covas em Santo André e no Hospital do Servidor Público em São Paulo. O Big Riso também é reconhecido nacionalmente através do prêmio CBIC de Responsabilidade Social, concedido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção, outorgado em 19 de outubro de 2006, em João Pessoa – PB.
Como surgiu a idéia do Projeto Big Riso?
Essa idéia foi da minha filha Roberta Bigucci. O projeto teve a inspiração no filme “Patch Adams – O Amor é Contagioso”, lançado nos EUA em 1998, em que Patch Adams, interpretado por Robin Williams, se mostra pioneiro na idéia de que os médicos devem tratar as pessoas e não apenas as doenças. O médico, assim como nós, acha que é possível ajudar a manter a saúde por meio da alegria, do riso e da gentileza. Recentemente, a Roberta esteve na Rússia, nas cidades de Moscou e Saint Petersburg, convidada pelo Dr. Patch Adams, que lá esteve também, representando o Brasil e trabalhando nos hospitais da capital russa, vestidos de palhaço, gratuitamente.
O senhor, além de empresário bem sucedido, é associado a diversos órgãos onde ocupa cargos de grande responsabilidade. Como administra seu tempo?
Quanto mais você puder participar de entidades melhor. Aprende-se muito. Tempo se arruma. São 24 horas por dia disponíveis. Dá tempo até pra jogar futebol. É só se organizar. Participo ativamente do Secovi (Sindicato da Habitação), da FIESP (Federação das Indústrias de São Paulo), da ACIGABC (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do grande ABC), de obras sociais e etc.
A MBigucci iniciou suas atividades em São Paulo. Já conquistou todo o Grande ABCD, e hoje caminha para todo o Estado de São Paulo, atravessando, inclusive, suas fronteiras. Como o senhor vê esse crescimento em um tempo relativamente curto?
Muito trabalho e dedicação. Levantar cedo e dormir tarde. Viver a empresa 24 horas por dia, inclusive sábado, domingo e feriado. Pensar sempre. Muito otimismo e comunicação. Não ficar dentro de um casulo. Participar de entidades, eventos e, consequentemente, aprender sempre. Há muita gente que nos ensinam o tempo todo, principalmente as pessoas mais humildes.
O senhor também é um escritor. É membro, inclusive, da Academia de Letras da Grande São Paulo. Já lançou três livros, o último deles o prefácio foi de autoria do então Governador Geraldo Alckmin, todos relacionados ao desenvolvimento humano e justiça social. É notória a importância que dá a esse assunto. Qual é a receita para um mundo melhor?
Muito trabalho, estudo e otimismo. Cobrar dos outros o que exige de si próprio: responsabilidade, seriedade e respeito. Muita humildade. Infelizmente, há ainda muitas pessoas com o “nariz empinado”. Ajudar o próximo. Alegria transmite o bem, pessimismo transmite depressão. Hoje temos muito assistencialismo no país e eu sou contra! A criança e o jovem brasileiro têm excesso de “sim” na sua educação. O povo reclama e não luta para melhorar. As exceções vencem.
Hoje a cultura mundial está mudando ao que se refere ao meio ambiente, já é uma realidade, em alguns países e inclusive no Brasil, o conceito de “edifício verde”. Qual é sua opinião? A empresa já tem algum projeto deste tipo?
A responsabilidade com o meio ambiente deveria ser a preocupação de todas as empresas, não apenas as de construção civil. Nosso objetivo com os projetos de responsabilidade ambiental é estimular uma vida sustentável e ecologicamente correta. A utilização de sistemas e equipamentos sustentáveis, aliada a atitudes responsáveis em favor da preservação da natureza, significa respeito pela vida e para com as próximas gerações. Na maioria dos nossos empreendimentos, trazemos em todas as etapas da obra e depois de pronta, itens de sustentabilidade que além da qualidade de vida, reduzem o valor do condomínio, valorizam o investimento e acima de tudo respeitando o meio ambiente.
A MBigucci tem um objetivo bem claro: realizar o sonho da casa própria. Como empresário, como o senhor vê essa missão?
Realizar sonhos realmente é uma de nossas obrigações. Trabalhamos arduamente junto com nossa equipe para que este sonho seja perfeito. Isto é feito através dos belos projetos que a construtora desenvolve, as facilidades de pagamentos, a constante preocupação com a infra-estrutura oferecida, a segurança e claro, o bom atendimento a cada um de nossos clientes. Adequamos a prestação ao bolso da família. Nossos clientes são os nossos maiores publicitários.
E o futuro?
Nos parece muito claro e muito promissor. Parece que estamos no caminho certo. Andar sempre com os pés no chão, sem dívidas, ampliando o volume e a qualidade das obras. A “molecada” na Diretoria, está melhor do que eu esperava. Aliás, a “molecada” já tem mais de 20 anos cada um de experiência profissional no ramo. Eu já estou ficando para trás.